05 agosto 2005

não sou desistida. sou é agora mesmo!

Estava pensando no Carlos Drummond, quando ele fala do "humano para humano". Que amar o humano do outro é aceitar e amar o meu próprio humano. É assim que eu posso crescer, e eu quero crescer. E quero sempre acreditar. Posso levar porrada, mas ainda acreditar e ter mais delicadeza para olhar as pessoas, as coisas, qualquer coisa.
A saber, meu pensamento vem quando ele quer, não quando eu quero. E eu não consigo parar de pensar. Fico pensando, pensando, não tem como desligar.
Mais uma dose? É claro que eu tô a fim... A noite nunca tem fim. Por que a gente é assim?
Aqui, bem do lado de cá da tela, eu estou. Mas onde estou? Reflito. E é uma pergunta que não tem sentido, pois eu sei qual é a resposta. Aqui é a minha vida. Aqui é um lugar em que, tendo eu aprovado ou não todos os fatos e circunstâncias, elas são parte da minha existência. E enquanto cai a madrugada, eu observo a noite e reflito sobre o que é me sentir fazendo parte de algo. Como é?
O quê? Não, eu não sou uma pessoa estranha. Não posso dizer que sou uma pessoa comum, mas não sou estranha. Eu vivo a meu modo. E tento estar sempre no “tempo da delicadeza”. Desconfio de equívocos neste mundo. Acho mais que existem apenas diferentes modos de pensar.
O quê? Se eu acredito em constância? A vida e todas as coisas passam, é quase tão certo e garantido quanto a paisagem correndo na janela do trem. Mas eu posso pensar diferente quando acordar. Vai sempre sobrar, faltar alguma coisa. Eu não sou perfeita.
E eu quero sempre o amor e as cores livres, coloridas.
Quer saber? Não me preocupa. O que não for é o que vai passar.


"Olha, antes do ônibus partir eu tenho uma porção de coisas pra te dizer, dessas coisas assim que não se dizem costumeiramente, sabe, dessas coisas tão difíceis de serem ditas que geralmente ficam caladas, porque nunca se sabe nem como serão ditas nem como serão ouvidas, compreende? Olha, falta muito pouco tempo, e se eu não te disser agora talvez não diga nunca mais, porque tanto eu como você sentiremos uma falta enorme dessas coisas, e se elas não chegarem a ser ditas nem eu nem você nos sentiremos satisfeitos com tudo que existimos, porque elas não foram existidas completamente, entende, porque as vivemos apenas naquela dimensão em que é permitido viver, não, não é isso que eu quero dizer, não existe uma dimensão permitida e uma outra proibida, indevassável, não me entenda mal, mas é que a gente tem tanto medo de penetrar naquilo que não sabe se terá coragem de viver, no mais fundo, eu quero dizer, é isso mesmo, você está acompanhando meu raciocínio?"
("Para uma avenca partindo" - Caio Fernando Abreu)

4 comentários:

  1. Oi, simone. coisas lindas você sabe dizer. Tanto lá como aqui.
    É um presente te ler.

    ResponderExcluir
  2. Não li o Caio, mas será que ele teve tempo de falar, perdendo tanto tempo dizendo que precisav falar? bjs

    ResponderExcluir
  3. Simone,
    Sem perdera a delicadeza, a gente prossegue tentando não perder a fé nas pessoas, que é pra nào perder a fé em nós mesmos... Mesmo com todos os tapas que a gente leva... adorei esse post!
    e ah, puxa que sorte vc tem ter nascido no Rio... a cidade mais linda desse pais!
    grande beijo!

    ResponderExcluir
  4. compreendo perfeitamente os sentimentos...é curioso quando isso acontece, no começo do seu texto lembrei que em algumlugar já escrevi algo assim. Mas não sei se escrevi ou pensei, ou quis.
    beijos

    ResponderExcluir