18 janeiro 2006

um verbo bateu dentro de mim

Não, essa noite não precisa. Tudo em mim é ternura. Tua boca tem gosto de vinho licoroso. O único que eu bebo. E é preciso habituar-se a não ter vergonha. Uma palavra tão feia para uma coisa tão doce. Sentimento subentendido? Não. Tudo claro. Quero que você me leve. Fada madrinha dos meus orgasmos, revolucionária, oficial da Marinha, depois pintora, depois protetora dos frascos e comprimidos, assassina, espadachim e, para terminar, musicista. Você nunca vai ser uma menina frágil e comum que se encontra em qualquer lugar. Tudo é incrivelmente simples e natural. E não é fácil te contar histórias com tua cabeça no meu colo, teu ar embaraçado. Lembra quando eu disse que é como se eu alcançasse o máximo da felicidade? E harpa, flauta, bandoneon. Porque minha vida ficou mais bonita com você. Porque o tempo com você é algo que se pode parar. Mil instantes. Para guardar entre nós como uma espécie de garantia.

Eu disse: “Venha me ver”. Ela veio. Colocou meu rosto entre as mãos e perguntou que mal havia em pensar que se isso durasse para sempre, no fundo, não seria tão ruim. Sabe, eu te digo desejar que, quando tudo for diferente, ainda persista esse desejo tolo.

Você acaricia meu coração como se fosse uma música.