25 agosto 2006

certos inocentes não escapam dos raios

CLEÓPATRA: Se for amor, mesmo, diz-me quanto.

ANTÔNIO: Será mendigo, qualquer amor capaz de ser medido.

CLEÓPATRA: Eu demarco até onde sou amada.

ANTÔNIO: Nesse caso, terás de descobrir novo céu, nova terra.

(Ato I, Cena I - Antônio e Cleópatra, Shakespeare.)

Um baratão de tragédia de amor. Me faz pensar no quanto o amor preenche os cheios e os vazios. E eu ouço segredos da madrugada. E sinto falta do teu corpo aqui, me esquentando nessa noite fria. Estou meio fora de mim, né? Redescobrindo o que eu sou. Talvez. Pode ser. Será que o segredo da harmonia é não falar? Falar pode atrapalhar a gente também. Falando, já pratiquei quatro dos sete pecados capitais hoje. Algumas vezes mostro um desinteresse que estou longe de sentir. Mas esse carinho imenso tem cor do céu com todas as suas estrelinhas.

Quer saber? Cleópatra gostava mesmo era de Otávia.

24 agosto 2006

demarcando território

Essa cena foi divertida. Clique aqui no YouTube e assista!

"De todos os animais que conhecemos é o cachorro o que mais se uniu a nós. Sejam príncipes que lhe dão farta comida e leito de plumas, ou mendigos que dormem ao relento e só podem oferecer-lhe uma pequena parte das suas próprias migalhas, idêntica é a sua afeição e dedicação, e com igual amor lambe a mão ornada de jóias e os dedos trêmulos, consumidos de doenças e fome."
(Théo Gygas, em "O cão em Nossa Casa")

15 agosto 2006

o amor tem os cabelos, os olhos, talvez até sapatos como os seus

Sim. Fazemos sempre amor... Isto é, todas as coisas que fazemos, em resumo, fazemos amor, entende? Se comemos estamos fazendo amor, se compramos um vinho e pensamos nela estamos fazendo amor, se olhamos para o céu estamos fazendo amor, ou se vamos dar uma volta por aí e se lemos um livro, se pegamos um filme para assistir... O amor, entende?

Quando a gente mora em cidade grande, olhando para as pessoas andando com muita pressa, dá a impressão de que todos procuram a melhor maneira de se esquecerem. Mas vem o amor, é agosto, e todo mês é terrivelmente romântico.

Tudo o que eu estava procurando está aqui, e eu nem percebia e fiquei dando voltas, todo esse tempo. Eu, nem mesmo por um momento, senhores (emprestado de Bethânia), me movi do quadrado traçado na terra que me foi designado e você o atravessou segura, vindo em minha direção. Orgasmos, alegria e um infinito carinho nessa loucura generosa que é o amor.

Também procuro sempre a harmonia, mas o foda é que me sinto tão desajeitada nessa procura ultimamente... Por que é mais fácil declarar-se contra ou a favor de alguma coisa do que explicar as próprias idéias?

Você me dá prazer de olhar, pensar e sentir. E eu não mudaria nada nisso. É isso que faz o amor: destaca um outro de todo mundo. Quero te beijar de perder o fôlego. Ocupar-me somente de você, proteger, entrar dentro de você, ouvir sua respiração. Palavras empilhadas. Você e eu. Eu com idéia de fazer amor contigo, tirar sua roupa em qualquer lugar nosso, passando sobre as palavras, indo até o fundo. Vem! Mais um pouco assim... tudo está girando... as ondas... olhos semifechados, saliva seca. Enquanto tudo começa a fugir. Enquanto tudo foge, as luzes se acendem e eu vejo você. Esse orgasmo é, antes de tudo, um abandono de mim, sem inibição, sem medo, na sua direção.

Estamos contando algo que somente nós sabemos e que só a nós interessa. Essa vida nos presenteia pessoas, lembra? Era inusitado e o inusitado nem sempre assusta. Coisas são difíceis de fazer enquanto não foram feitas.

Já não lembro de outra circunstância de minha vida em que o amor tenha acontecido assim tão profundo, assim tão essencial. Eu posso viver sem você, mas eu não quero. Todos temos opção. O momento em que podemos escolher o que fazer. Quando nada fazemos, isso é também uma opção. Há opção na falta de opção. Pego emprestada uma escrita de Fabrício Carpinejar: não admito essa covardia de escrever a própria vida sem assinar.

Vou te dizer em bom Português o que em Inglês se diz I love you.

"A palavra não serve só para criar confusão. Ela serve também para esclarecer a confusão que a palavra cria." (Ferreira Gullar)

01 agosto 2006

luar de manaíra, joão pessoa




Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.

Trecho de "lua adversa", Cecília Meireles.
Apaixonei-me pelos encantos desses lugares por onde andei... João Pessoa, Recife, Olinda... Encanto! Suas histórias, seus causos, suas pessoas. O Recife é lírico. Olinda me arrebatou. Vou voltar.