Sim. Fazemos sempre amor... Isto é, todas as coisas que fazemos, em resumo, fazemos amor, entende? Se comemos estamos fazendo amor, se compramos um vinho e pensamos nela estamos fazendo amor, se olhamos para o céu estamos fazendo amor, ou se vamos dar uma volta por aí e se lemos um livro, se pegamos um filme para assistir... O amor, entende?
Quando a gente mora em cidade grande, olhando para as pessoas andando com muita pressa, dá a impressão de que todos procuram a melhor maneira de se esquecerem. Mas vem o amor, é agosto, e todo mês é terrivelmente romântico.
Tudo o que eu estava procurando está aqui, e eu nem percebia e fiquei dando voltas, todo esse tempo. Eu, nem mesmo por um momento, senhores (emprestado de Bethânia), me movi do quadrado traçado na terra que me foi designado e você o atravessou segura, vindo em minha direção. Orgasmos, alegria e um infinito carinho nessa loucura generosa que é o amor.
Também procuro sempre a harmonia, mas o foda é que me sinto tão desajeitada nessa procura ultimamente... Por que é mais fácil declarar-se contra ou a favor de alguma coisa do que explicar as próprias idéias?
Você me dá prazer de olhar, pensar e sentir. E eu não mudaria nada nisso. É isso que faz o amor: destaca um outro de todo mundo. Quero te beijar de perder o fôlego. Ocupar-me somente de você, proteger, entrar dentro de você, ouvir sua respiração. Palavras empilhadas. Você e eu. Eu com idéia de fazer amor contigo, tirar sua roupa em qualquer lugar nosso, passando sobre as palavras, indo até o fundo. Vem! Mais um pouco assim... tudo está girando... as ondas... olhos semifechados, saliva seca. Enquanto tudo começa a fugir. Enquanto tudo foge, as luzes se acendem e eu vejo você. Esse orgasmo é, antes de tudo, um abandono de mim, sem inibição, sem medo, na sua direção.
Estamos contando algo que somente nós sabemos e que só a nós interessa. Essa vida nos presenteia pessoas, lembra? Era inusitado e o inusitado nem sempre assusta. Coisas são difíceis de fazer enquanto não foram feitas.
Já não lembro de outra circunstância de minha vida em que o amor tenha acontecido assim tão profundo, assim tão essencial. Eu posso viver sem você, mas eu não quero. Todos temos opção. O momento em que podemos escolher o que fazer. Quando nada fazemos, isso é também uma opção. Há opção na falta de opção. Pego emprestada uma escrita de Fabrício Carpinejar: não admito essa covardia de escrever a própria vida sem assinar.
Vou te dizer em bom Português o que em Inglês se diz I love you.
"A palavra não serve só para criar confusão. Ela serve também para esclarecer a confusão que a palavra cria." (Ferreira Gullar)