16 fevereiro 2007

a persistência de um pensamento

Curiosa. Quero aprender o máximo das coisas. Gosto de saber como as pessoas pensam. É nos livros que procuro as respostas, as perguntas, as perguntas sem respostas. Os mistérios? Não. Não seriam mais mistérios. Tá, eu quero descobrir alguns. Só alguns. Porque o mistério cai bem.
Tem coisa mais misteriosa do que afeto?
Trintaedoisanos pelados. E a cidade fora do meu quarto. E eu dentro da cidade. Eu te falo olhando direto nos olhos mesmo, pegando na mão. "A lua e a estrela. Anel de turquesa", diz o Caetano numa das canções que mais tocam na vitrola dentro de mim. Coração burro é o meu. Mas nem sempre anda tão distraído feito Tales, aquele filósofo que caiu num poço quando contemplava as estrelas.
Não me deixa ser uma dessas pessoas que pegam carona na vida de outra. Beija a minha boca com vontade. Com essa sua fissura danada. Fissura que vai escorrer quando eu te disser segredos de liquidificador. Não há erotismo sem verbo, concordo com Cortázar, meu latino favorito.
Cara no vento. Vento que vem para, talvez, dar expressão ao inexprimível.
Penso em você. O que será que isso quer dizer? Esquecer você e despertar incansavelmente desse esquecimento. Esquecer você. Como?
Levo um romance para ler na cama até o sono chegar. E viro cineasta, como todo mundo, depois que fecho os olhos... Mas eu sou mesmo é das palavras. Minha melhor linguagem é a pele. Esfrego minha linguagem em você. Brincamos de fazer durar o comentário. Te envolvo em minhas palavras. A linguagem goza.
E o céu de um azul celeste celestial...

p.s.: ao som de "trem das cores".

15 fevereiro 2007

13 fevereiro 2007

bicicleta

De vez em quando recupero os sentidos, saindo desse torpor - essa espécie de paralisia que parece me arrancar da minha própria vida. É o vento da noite que me tira do delírio, que leva daqui a imagem de mim que não gostaria de recordar. Vem com o vento uma promessa de nunca mais me atormentar. É quando encontro-me em frente do amor. Intimidade turquesa. Amor luz de seus olhos. Piar de pássaros. Incrível sentir o vento na pele. Sensação verde, calma como andar leve de bicicleta. Há um sentido de absoluto pelo ar. Absoluto como expressão que me aparece no rosto, sobretudo quando sorrio de mim mesma.

"Escrever significa abrir-se em demasia... por isso, não há nunca solidão suficiente ao redor de quem escreve; jamais o silêncio em torno de quem escreve será excessivo, e a própria noite não tem bastante duração." (Kafka)

09 fevereiro 2007

vão longe e mais longe

Pergunto-me se o ser humano, hoje em dia, vale uma árvore. Hoje eu estou mesmo muito pessimista.