15 agosto 2006

o amor tem os cabelos, os olhos, talvez até sapatos como os seus

Sim. Fazemos sempre amor... Isto é, todas as coisas que fazemos, em resumo, fazemos amor, entende? Se comemos estamos fazendo amor, se compramos um vinho e pensamos nela estamos fazendo amor, se olhamos para o céu estamos fazendo amor, ou se vamos dar uma volta por aí e se lemos um livro, se pegamos um filme para assistir... O amor, entende?

Quando a gente mora em cidade grande, olhando para as pessoas andando com muita pressa, dá a impressão de que todos procuram a melhor maneira de se esquecerem. Mas vem o amor, é agosto, e todo mês é terrivelmente romântico.

Tudo o que eu estava procurando está aqui, e eu nem percebia e fiquei dando voltas, todo esse tempo. Eu, nem mesmo por um momento, senhores (emprestado de Bethânia), me movi do quadrado traçado na terra que me foi designado e você o atravessou segura, vindo em minha direção. Orgasmos, alegria e um infinito carinho nessa loucura generosa que é o amor.

Também procuro sempre a harmonia, mas o foda é que me sinto tão desajeitada nessa procura ultimamente... Por que é mais fácil declarar-se contra ou a favor de alguma coisa do que explicar as próprias idéias?

Você me dá prazer de olhar, pensar e sentir. E eu não mudaria nada nisso. É isso que faz o amor: destaca um outro de todo mundo. Quero te beijar de perder o fôlego. Ocupar-me somente de você, proteger, entrar dentro de você, ouvir sua respiração. Palavras empilhadas. Você e eu. Eu com idéia de fazer amor contigo, tirar sua roupa em qualquer lugar nosso, passando sobre as palavras, indo até o fundo. Vem! Mais um pouco assim... tudo está girando... as ondas... olhos semifechados, saliva seca. Enquanto tudo começa a fugir. Enquanto tudo foge, as luzes se acendem e eu vejo você. Esse orgasmo é, antes de tudo, um abandono de mim, sem inibição, sem medo, na sua direção.

Estamos contando algo que somente nós sabemos e que só a nós interessa. Essa vida nos presenteia pessoas, lembra? Era inusitado e o inusitado nem sempre assusta. Coisas são difíceis de fazer enquanto não foram feitas.

Já não lembro de outra circunstância de minha vida em que o amor tenha acontecido assim tão profundo, assim tão essencial. Eu posso viver sem você, mas eu não quero. Todos temos opção. O momento em que podemos escolher o que fazer. Quando nada fazemos, isso é também uma opção. Há opção na falta de opção. Pego emprestada uma escrita de Fabrício Carpinejar: não admito essa covardia de escrever a própria vida sem assinar.

Vou te dizer em bom Português o que em Inglês se diz I love you.

"A palavra não serve só para criar confusão. Ela serve também para esclarecer a confusão que a palavra cria." (Ferreira Gullar)

7 comentários:

  1. a palavra, sempre a palavra não é calmaria... a sua alma é doce. Já tinha percebido. Parabéns!

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  2. Princesa!
    O lindo de ler seus textos, e que conseguimos imaginar cada palavra.
    Penso que você tem o poder de “materializar o amor”.
    Talvez porque leitores fieis, sentimos tão próximos de você, que a cada palavras linda, nasce um sorriso nos lábios de quem de maneira suave delicia seus escritos, suas poesia, sua magia!
    Então, mesmo que, no momento, esse amor falado, ainda seja desconhecido, podemos desejá-lo, sentir.
    Com você, dá vontade de despir pudores e vestir o amor, bordado do desejo de querer tocar, e sentir, o ser amado.
    Bjs
    Mariposã

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  3. se eu tivesse alguém pra me dizer essas coisas..... nem sei mais o que é amor... Adorei conhecer esse lugar. Bj!

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  4. sempre gosto de achar novidades por aqui...

    :-)

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  5. Sim. Escrever a vida e assinar assim como você faz, com a tinta rubra da paixão, poucos sabem. Talvez por isso se escondam.
    Pode ser isso a definição de covardia: "não saber assinar a própria vida". Lindo né? E triste.
    Mas esse não é o seu caso. Nem o meu. Sorte nossa? Coragem nossa?
    Você domina a arte de escrever com o sentimento. Seja real ou ficção, aposto que é sua alma quem manda.
    Acho que estou voltando

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  6. Sim, todos temos opções. Tudo se faz a partir da opção que tomamos, seja a aparentemente certa ou a supostamente errada. Não optar, como você bem diz, significa tomar uma posição, que pode, muitas vezes, simular covardia, medo. Mas compreendo que medo e covardia depende de quem define essa característica nele ou no outro, independente da postura adotada. Essas tuas falas, já há alguns dias escritas, me ajudam a entender que a opção tomada tem apenas esse peso. O amor permanece caminhando na mesma direção que caminhava antes, pois 'já não lembro de outra circunstância de minha vida em que o amor tenha acontecido assim tão profundo, assim tão essencial'.
    Um abraço. Escreve sempre. Tua mão foi feita pra deslizar sobre o papel, revelendo beleza.

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