29 novembro 2009

blod do sócrates?

“SE A MENTIRA TEM PERNA CURTA, POR QUE ELA CORRE MAIS QUE A VERDADE?”. ESSA O PLATÃO NÃO ANOTOU.

Continuo sendo um dos pensadores mais influentes da história da humanidade. Isso me enche de orgulho, apesar de que meu sonho mesmo era ter sido jogador de futebol. Ocorre que, como todos bem sabem, não deixei nada registrado. Minha produção intelectual foi toda escrita por meu discípulo Platão, que – também é de conhecimento de todos – estava sempre apaixonado. Portanto, muita coisa que eu disse ficou deturpada, outras mal explicadas, algumas carentes de explicação e outras necessitando de atualização. Deixei a preguiça de lado, resolvi eu mesmo vir aqui fazer essa revisão crítica de minha obra, depois que Platão ameaçou me cobrar pelos serviços de secretaria. Ingrato. Fez-se nas minhas costas.

Conheça a ti mesmo.
Se ao fazer isso você se descobrir um chato, parte para outra. O mundo é cheio de gente interessante para você perder tempo com a pessoa errada. (...)
O restante tá aqui (fonte): http://www.blogsocratico.blogspot.com/


expressionistic dance

27 novembro 2009

como quem colhe flores

Dois rapazes passaram por mim hoje. Iam na direção contrária, e eu não pude deixar de ouvir o que um deles disse: "amor de verdade não existe".
Eles deviam estar falando sobre relacionamento, mas não sei o motivo da afirmação sobre o amor. Acho que nunca vou saber. Se eles pudessem me ouvir, eu diria "o amor não se encontra em qualquer esquina, mas o amor existe, sim".
Eu posso perder a fé na ciência, posso perder meu senso de direção, mas se eu perder a fé no amor, não vai me sobrar mais nada pra perder.
Nem todos os dias são de primavera... Eu vivo o amor dia após dia.

te trago mil rosas roubadas

Ao abrir aquele envelope, você foi selecionada, dentre bilhões, foi colhida da praia da galáxia como uma concha. Consigo envolvê-la com minha língua lasciva. Você. Bastante diferente de qualquer garota desbotada. Falo de elementos de atração muito mais profundos que a carne.
Nossos olhos se encontraram de verdade.
Quero estar presente quando seus olhos se abrirem pela manhã e você me vir e sorrir. Paraíso.
Terminemos este postprelúdio com uma declaração à moda antiga: amo você.

24 novembro 2009

curta o curta



O curta “Vincent” foi a primeira animação de Tim Burton, produzida
em 1982, nos EUA. Narra a história do pequeno Vincent Malloy,
um menino que sonha ser Vincent Price, lendário ator conhecido
como “O mestre do terror”. Diferente dos outros meninos, Malloy
adora ler Edgar Allan Poe, tanto que mergulha dentro das leituras
que faz. Feito em stop-motion, tem a narração do próprio Vincent Price.

[Só para tirar a cabeça das mediações pedagógicas, das NTICs,
das transversalidades. Parece tão sombrio quanto os assuntos
citados, porém mais divertido.]

é assim

(...)
Te amo: e ao te amar assim vou conjugando
os tempos todos desse amor, enquanto
segue a vida, vivendo, e eu, vou te amando...

Te amar: é mais que em verbo é a minha lei,
e é por ti que o repito no meu canto:
te amei, te amava, te amo e te amarei!

[fragmento de JG de Araujo Jorge - 1935]


Mas há a vida que é para ser intensamente vivida, há o amor.
Que tem que ser vivido até a última gota.
Sem nenhum medo. Não mata.

[Clarice Lispector]

22 novembro 2009

O assassino era o escriba

Meu professor de análise sintática era o tipo do sujeito inexistente.
Um pleonasmo, o principal predicado da sua vida,
regular como um paradigma da 1ª conjugação.
Entre uma oração subordinada e um adjunto adverbial,
ele não tinha dúvidas: sempre achava um jeito
assindético de nos torturar com um aposto.
Casou com uma regência.
Foi infeliz.
Era possessivo como um pronome.
E ela era bitransitiva.
Tentou ir para os EUA.
Não deu.
Acharam um artigo indefinido em sua bagagem.
A interjeição do bigode declinava partículas expletivas,
conectivos e agentes da passiva, o tempo todo.
Um dia, matei-o com um objeto direto na cabeça.
[Paulo Leminski]