Hum rum.
Essa semana eu completo 31. Lacan gostava de dizer que tinha 5 anos. Aos 5 anos a pessoa tem um querer direto, sem intermediários. Nada do querer reivindicativo dos 15, e do querer conforme as regras da idade adulta. Mas eu não tenho jeito. Sou uma romântica incurável de 1930, aos quase 31.
Encontro é descoberta. Reencontro é descoberta. Idéias e sentimentos podem despencar ladeira abaixo. E amadurecem também. E é bom mudar de idéia, fazer de novo, fazer diferente. Igual. Porque eu estou para o que der e vier. Desconstruir, construir, mudar de ares... Muita confiança, muito amor, o sol, a lua, calcinhas, noites em claro, garrafas de vinho do Porto, vontade de ficar juntas, de abraçar e de se amar à tarde, com o calor doido, pela manhã, madrugada. Uma coisinha minha, nossa. E viver junto das pessoas com as quais eu tenho vontade de continuar a viver e avançar.
Você já sentiu atração por pessoas do mesmo sexo? Ah, sim, o chuveiro ajudou.
Eu quero é seguir tranquila com tudo, como se não existisse no mundo nada que possa ser vergonhoso ou perturbador. Gozar a vida. Literalmente. E é como se, no orgasmo, a gente alcançasse o máximo da felicidade, a felicidade absoluta. É uma sensação violenta e doce, de quase se perder e palpitar juntas. Minha mulher e eu.
Talvez eu não possa descrever algumas sensações. Mas posso falar da sensação dominante que a gente sente quando vai chorar. Uma coisa que mistura ternura, ansiedade e alívio. Como quando se chora sem estar triste. "A trepadinha nossa de cada dia nos dai hoje" é gostosa, mas quando estou amando, sobretudo - e na verdade, somente - o corpo se comporta assim sem a colaboração do cérebro.
Eu quero sempre ser assim. Nem demais, nem de menos. Mas amar, eu amo sem medida.
Queria escrever sensações. Como é que se faz?
Você irá, iremos juntos, através das águas dos tempos.
Ninguém mais atravessará as sombras comigo, só você.
Sempre verde, sempre sol, sempre lua."