19 agosto 2005

vê se ao menos me morde, mas não me mastigue assim

Sexta-feira, mas não é santa. Não acredito em pecados. Nem em culpa. A culpa não existe. Não sou católica. Eu sei que gostarias, mas não vão te colocar na cruz. Nem é sexta-feira da paixão e nem sexo. Pra quê essa frescura toda? Pra quê pudor? Jura no meu ouvido que não existe outra como eu. Me morde os ombros, me molha de saliva e encontra logo a minha boca. E me veio aquela coisa mole, frouxa, aquela coisa, aquelas coisas. Uma ou duas hoje, meu bem? De outros jeitos, de todos os jeitos. Penso. Descubro. Me desvenda. Continuo pensando. Olhos fechados, a cabeça abandonada entre as minhas pernas. A língua deslizando devagar. Olhos fechados. Acabei de me masturbar. Não lavo as mãos para começar a escrever. Continuo o post? Não sei, mas não tenho o que temer. A noite de hoje tem o centro escuro, mas eu estou falando bobagem. Não são todas as noites escuras? E o meu próximo movimento só pode ser em direção à claridade do dia. Eu vou ser o sol. Levo o sol tatuado no pulso direito. Ele anda comigo por aí. Vai como quem diz "confio em você". Já esteve em muitos lugares comigo, e diante de pessoas também. Foi íntimo até. Nunca foi quase. Eu não sou uma pessoa de quases. Quase-verdade, quase-surpresa, quase-amigos, nada de intimidades, quase-amor, quase-rio, quase-choro, quase-desespero. Nunca sou quase. Inteira, isso é o que eu sou.
Tudo bem, descanse. Talvez consiga dormir. Me deixa passar as mãos pelos teus cabelos. Em voz baixa, eu canto pra te ninar.
Comecei a escrever sem saber o que dizia, e não parei. As palavras me escrevem. O que invento ou o que não invento me ultrapassa. E tem asas. E me dá asas. Hoje e sempre, amém.
Agora também.

6 comentários:

  1. A culpa existe quando a gente a inventa. Sem necessidade de religião alguma.
    Teu texto é como uma meditação: os pensamentos vêm mas não permanecem, não se fixam. Realmente, a sensação que deixa é de voar, sem sequer "pensar" em asas.
    Ps. Quanto à Arraes, sugiro que leia algo sobre a sua vida e suas açoes políticas.Vai valer a pena.
    Um beijo

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  2. Nobody does it better
    Makes me feel sad for the rest
    Nobody does it half as good as you
    Baby you're the best

    I wasn't looking
    but somehow you found me
    I tried to hide from your lovelight
    but like heaven above me
    the spy who loved me
    is keeping all my secrets safe tonight

    And nobody does it better
    Though sometimes I wish someone would
    Nobody does it quite the way you do
    Why d'you have to be so good?

    The way that you hold me
    whenever you hold me
    There's some kind of magic inside you
    that keeps me from runnning
    but just keep it coming
    how'd you learn to do the things you do

    And nobody does it better
    makes me feel sad for the rest
    nobody does it half as good as you
    baby baby darling
    you're the best
    baby you're the best

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  3. n sei o k tinham estas palavras, pois n eram um poema, n rimavam, mas são palavras mto belas, gostei imenso de ler este post...

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  4. Bem que eu queria conseguir acreditar que, quando se está bem no meio da escuridão, o único passo possível é em direção à claridade...

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  5. Lindo, muito lindo o texto. Fiquei impressionada!
    Copiei pra mim, ok?

    Embriaguez

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