08 julho 2005

assim ventou qualquer calmaria

É uma madrugada agradável de Julho. Venta lá fora. Aqui dentro, eu vento. Me sinto vento. Estava pensando em como somos o que queremos. Outra noite eu era uma constelação.

Voltando... O que é o vento? É ar. Ar em movimento. A vida não é isso? É como o vento: sempre existe. Pode não ventar onde você está me lendo agora, mas o vento está em algum lugar. Muitos outros lugares. Eu sou vento e vou ventar a vida inteira. Fraca, quase um sopro. Forte, ventania. E pensamentos ventam sempre. Estou pensando em gente. Engraçado, quando alguém é acusado de uma falta, é quase impossível esperar que a falta seja comprovada para acreditar nela. Já quando as pessoas contemplam a si próprias, elas têm certeza de que são ótimas pessoas, animadas e de alma imortal.

So what? Tem gente tão alienada em si mesma que nunca pensa em olhar para dentro, preferindo surfar na superfície da vida. Pergunto de novo: so what? Eu sou do partido que acredita que todo mundo tem bom coração até que me coloquem na frente um motivo para desacreditar.

A mariposa continua sendo atraída pela chama, mesmo depois de ter chamuscado as suas asas.

Sigo meu caminho. Vou contando as letras a cada esquina, contando os passos. Minhas palavras misturadas contém segredos de liquidificador.

Me permito ter consciência de mim mesma. Nada de viver desesperada porque a vida acaba ou porque não tem outra finalidade maior. Eu acredito que isso aqui é uma escola. O mundo como o conhecemos. Que eu sou herdeira de mim mesma. Acredito em uma finalidade maior, sim. Mas não nesse conceito de um criador onisciente para o qual se dedica a vida a um ajoelhar-se sem fim. Isso parece sem sentido. Melhor aceitar a solução do cientista e do filósofo: apenas inclinar a cabeça e bater no chapéu para as elegantes leis e mistérios da natureza, mas tratar de viver.

Por que correr para a porta da saída antes da hora de fechar?

Fico com Nietzsche: é preciso escolher a sua vida - é preciso usufruí-la em vez de ser usufruída por ela.

Agora. Antes. Depois. Vento palavras e misturo tudo. Mistura tudo. Mistura eu.
A palavra mariposa me lembrou um blog que eu gosto, por isso o link para ele.

6 comentários:

  1. Por que correr para a porta da saída antes da hora de fechar?
    Parece que estamos sempre fazendo isso.
    Correndo em busca de alguma coisa que nem mesmo sabemos o que é.
    Viver, sofrer amar,intensamente, é a melhor maneira. Quanto chegar a hora de de ir.... a luz vermelha se acende e indica a porta de saida.
    Mari

    ResponderExcluir
  2. Nietzsche foi muito feliz com esse pensamento. bjs...

    ResponderExcluir
  3. Ah! Pois eu sou do partido que acha que todo mundo tem mau coração ateé prova em contrário. Lindo post. bjs

    ResponderExcluir
  4. n conhecia essa frase do Nietzsche, mas gostei..

    ResponderExcluir
  5. Oi,
    Rapidinho, só pra passar o novo endereço:
    http://www.verbeat.org/blogs/afonsochato
    bjs

    ResponderExcluir
  6. Olá, Simone. Que imagem bonita essa de ser vento! E obrigada pelo link.

    ResponderExcluir