22 março 2007

o que é que te assombra?

Entrego-me inteiramente aos secretos impulsos dos meus dedos. Efeito da excitação de espírito em que me acho. Coração ligado, beat acelerado... Enfim, há um treco que eu queria entender. Não sei. E você acredita que a gente é o que a gente faz. Acaba indo pra cama ou se casa. Briga, se engana porque faz tudo no escuro, sem amar, me entende?

Eu nunca quero ter vergonha do que eu sou capaz de sentir. Quero passear de mãos dadas, brincar de pisar na nossa própria sombra. Café da manhã, almoço, jantar, ligações telefônicas no meio da tarde, no meio da noite. Sons, gostos, sabores. Teu sabor. O doce e o salgado em você. O tempo não existe.

Será amor o nome que damos pra essa necessidade doentia que se destrói? Será que a gente só sabe que ama quando o coração pulsa entre as pernas?

Eu sei que amo porque o meu coração (e o dela) pulsa além do "entre as pernas".

As duas no banheiro depois de ouvir o "clic" da tranca da porta. Você ri tensa, eu sorrio. Abro os braços, dois passos e nos abraçamos. Eu sentada, rosto no seu ventre. Quero ver como são seus olhos quando eles se estreitam.

Quem ama não percebe o jeito que ama. Mas eu percebo que o coração pulsa entre as minhas pernas quando o amor já não cabe na frase. Quando eu descubro que o luar é o que existe de mais perfeito, só que depois, bem depois, muito depois de você.

O pensamento não pára.

Tenho pena das mulheres que não gozam.

5 comentários:

  1. Quem ama não percebe o jeito que ama, mas se sabe amor. Quando você fala que pode ser o amor essa coisa doentia, lembro o que Cyro dos Anjos fala certa vez comparando o amor ao que os médicos acham da doença, quando a existência em si é negada, ou seja, há doentes e não doenças, “haverá o ser que ama e não o amor”. Então se amor é essa necessidade doentia, ou se só existe através de um agente, quero continuar sendo divulgadora dessa doce morbidade. Porém quando vejo essa tua habilidade em falar desse sentimento escorregadio, sinto-o mais leve, mais brando... Chego a achar que você é a sua própria personificação e assim sendo, necessário, mas nem um pouco doentio. Se cuida e escreve sempre. Você alimenta o amor.

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  2. o coração pulsando no meio das pernas foi tão "erótico", tão "quente"... o amor é isso! É muito isso. Adoro passar aqui!
    Beijinho.

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  3. Adoro ouvir esse sabor que escorre de sua boca e borbulha em meu pensamento. Adoro esse "olho" que me atrai e me tira o sossego.
    Amo ler você!

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  4. "Há alguma coisa aqui que me dá medo. Quando eu descobrir o que me assusta, saberei também o que amo aqui. O medo sempre me guiou para o que eu quero. E porque eu quero, temo. Muitas vezes foi o medo que me tomou pela mão e me levou. O medo me leva ao perigo. E tudo o que eu amo é arriscado."

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