29 janeiro 2005

ato livre de leitura não tão solitária

As pessoas ainda estão pensando, por isso, as livrarias e os sebos resistem e existem. Eu tenho lido bastante, sobretudo sobre tudo. (eu quis usar a palavra sobretudo. Deu vontade de encaixá-la em algum lugar.)

Como diria Jerry Seinfeld, as pessoas poderiam ser divididas como os livros nas livrarias: ficção e não ficção. Ou seja: essas pessoas aqui estão mentindo, aquelas ali estão dizendo a verdade. Eu acordo não-ficção, mas posso ir dormir ficção. Ou não. Ou dormir na ficção. Nunca com a ficção.

Deixando as ficções de lado, eu ando lendo histórias incríveis sobre as amantes do imperador D. Pedro I. Nos tempos do império, isso era terra de ninguém. Um livro escrito por Assis Cintra, de 1933. Ele repete informações que já haviam sido registradas por cronistas antigos. Vale! Nesse embalo, leio Serões Históricos. Nele há crônicas interessantíssimas sobre a história do Brasil.

Meu post pretende justamente recuperar a idéia do "lazer" como questão essencial da condição humana. O meu lazer é com os livros. Tenho tirado benefícios pessoais destes tempos de leitura e te convido a fazer o mesmo.

“Estende as pernas, estica também os pés numa almofada, em duas almofadas, nos braços do sofá, nas orelhas da poltrona, na mesinha de chá, na secretária, no piano, no mapa-múndi. Descalça primeiro os sapatos. Mas só se quiseres ficar de pés soerguidos, porque se não torna a calçá-los. E agora não fiques por aí de sapatos numa mão e livro na outra. Regula a luz de modo a não te cansar a vista. Falo já, porque assim que estiveres mergulhado na leitura, nem penses em mexer-te. Arranja-te de maneira que a página não fique na sombra, um emaranhado de letras negras sobre fundo cinzento, uniformes como uma ninhada de ratos; mas tem cuidado para que não lhe bata de chapa uma luz demasiado forte e que não reflita no branco cru do papel roendo as sombras dos caracteres como num meio-dia do sul”.
SE UM VIAJANTE NUMA NOITE DE INVERNO, Italo Calvino.

Um comentário:

  1. Por falta de espaço para comentar no Pirilampear, uso esse espaço aqui, apenas para dizer que existe uma 4ª espécie: a pessoa que apenas sonha por sonhar. Nada de destino, nada de análise ou desprezar. Apenas sonhar... sonhar o sonho. Uma doce realidade que não em explicação racional. Ainda que venham de uma inspiração divina ... somente a sensação que fica, é o que basta.

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